Com 98% dos votos, Malvinas
continuam sendo território ultramar inglês.
Os moradores das ilhas Malvinas (Falklands) decidiram,
por 98% dos votos, continuar sendo parte do Reino Unido. A participação foi de
92% do padrão. O resultado do referendo foi divulgado nesta segunda, às 22h30,
na sede do poder municipal.
Do lado de dentro se reuniam as principais autoridades,
empresários e imprensa local e internacional, do lado de fora a população
começou uma festa de rua, com música, barracas de comida e fogos.
"Don't Cry For Me, Argentina", em versão
dançante, e "Rule Brittania" ecoaram pelas principais ruas de Stanley
desde às 18h, quando a votação foi encerrada. "É a maior festa das ilhas
Falklands desde a `liberação'", disse o radialista Patrick Watts, veterano
membro da sociedade local, que narrou a invasão argentina em 1982, no início da
Guerra das Malvinas.
Nomeado pela rainha da Inglaterra, o governador britânico
das ilhas diz que o apoio do Brasil à reivindicação argentina da soberania das
ilhas é "uma decepção".
"Não tem lógica alguma que seu país não nos
reconheça. Espero que depois do referendo o governo brasileiro se convença a
mudar a relação conosco", disse à Folha Nigel Haywood, em entrevista
realizada em sua casa, à beira do mar, em Stanley.
"O Brasil poderia colaborar na exploração do
petróleo e fazer negócios ajudando em nosso abastecimento", completa.
Desde dezembro de 2011, o governo brasileiro apoia uma
decisão argentina de não deixar que navios com bandeira das Falklands pare nos
portos do Mercosul. "Isso é um bloqueio econômico, não há outro nome, e
nos prejudica muito", diz Haywood.
O governo das ilhas decidiu realizar o referendo depois
que Cristina Kirchner elevou o nível de agressividade da reivindicação
argentina pela soberania das ilhas, nos últimos meses.
Haywood diz que espera que a vitória arrasadora do ªsimº
tenha impacto nas novas gerações de argentinos. "Sabemos que a mentalidade
está mudando. E que os argentinos são uma coisa, o governo é outra. Nosso
enfrentamento atual é com o kirchnerismo, não com os argentinos, de quem
gostamos muito e que estão convidados a nos visitarem sempre que
quiserem", declara.
Ele diz, ainda, que o sistema educacional argentino,
"baseado em slogans", é o principal responsável pelo sentimento
nacional de pedir as ilhas. "Gostaria que os argentinos tivessem uma
opinião melhor informada sobre o que acontece aqui e sobre a nossa vontade."
O governo das Falklands fará uma ampla divulgação do
resultado, enviando diplomatas e comissões de jovens para dar palestras em mais
de 25 países.
Ontem, segundo e último dia de votação, repetiram-se as
demonstrações patrióticas dos moradores, que saíram às ruas com bandeiras
britânicas e usaram roupas nas cores azul e vermelha para irem votar.
O governo argentino diz que o referendo é ilegal e não
reconhece a existência dos "kelpers" (habitantes das ilhas) como
parte na disputa com o Reino Unido.
A embaixadora argentina em Londres publicou um artigo no
"Guardian", intitulado "Um voto sem sentido", em que diz
que os ingleses estão "sozinhos no mundo" e que o referendo não muda
o "eixo da disputa", que é com o Reino Unido.
Já o primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou
que "os argentinos devem respeitar o princípio de autodeterminação e que
melhor exemplo de autodeterminação que o fato de que os ilhéus possam
expressar-se através de um referendo?".
texto de Sylvia
Colombo
Foto de Marcos Brindicci/Reuters
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1244678-com-98-dos-votos-malvinas-continuam-sendo-territorio-ultramar-ingles.shtml
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