terça-feira, 12 de março de 2013

Se conforme Argentina



Com 98% dos votos, Malvinas continuam sendo território ultramar inglês.
Os moradores das ilhas Malvinas (Falklands) decidiram, por 98% dos votos, continuar sendo parte do Reino Unido. A participação foi de 92% do padrão. O resultado do referendo foi divulgado nesta segunda, às 22h30, na sede do poder municipal.

Do lado de dentro se reuniam as principais autoridades, empresários e imprensa local e internacional, do lado de fora a população começou uma festa de rua, com música, barracas de comida e fogos.



"Don't Cry For Me, Argentina", em versão dançante, e "Rule Brittania" ecoaram pelas principais ruas de Stanley desde às 18h, quando a votação foi encerrada. "É a maior festa das ilhas Falklands desde a `liberação'", disse o radialista Patrick Watts, veterano membro da sociedade local, que narrou a invasão argentina em 1982, no início da Guerra das Malvinas.

Nomeado pela rainha da Inglaterra, o governador britânico das ilhas diz que o apoio do Brasil à reivindicação argentina da soberania das ilhas é "uma decepção".



"Não tem lógica alguma que seu país não nos reconheça. Espero que depois do referendo o governo brasileiro se convença a mudar a relação conosco", disse à Folha Nigel Haywood, em entrevista realizada em sua casa, à beira do mar, em Stanley.

"O Brasil poderia colaborar na exploração do petróleo e fazer negócios ajudando em nosso abastecimento", completa.



Desde dezembro de 2011, o governo brasileiro apoia uma decisão argentina de não deixar que navios com bandeira das Falklands pare nos portos do Mercosul. "Isso é um bloqueio econômico, não há outro nome, e nos prejudica muito", diz Haywood.

O governo das ilhas decidiu realizar o referendo depois que Cristina Kirchner elevou o nível de agressividade da reivindicação argentina pela soberania das ilhas, nos últimos meses.

Haywood diz que espera que a vitória arrasadora do ªsimº tenha impacto nas novas gerações de argentinos. "Sabemos que a mentalidade está mudando. E que os argentinos são uma coisa, o governo é outra. Nosso enfrentamento atual é com o kirchnerismo, não com os argentinos, de quem gostamos muito e que estão convidados a nos visitarem sempre que quiserem", declara.



Ele diz, ainda, que o sistema educacional argentino, "baseado em slogans", é o principal responsável pelo sentimento nacional de pedir as ilhas. "Gostaria que os argentinos tivessem uma opinião melhor informada sobre o que acontece aqui e sobre a nossa vontade."

O governo das Falklands fará uma ampla divulgação do resultado, enviando diplomatas e comissões de jovens para dar palestras em mais de 25 países.

Ontem, segundo e último dia de votação, repetiram-se as demonstrações patrióticas dos moradores, que saíram às ruas com bandeiras britânicas e usaram roupas nas cores azul e vermelha para irem votar.



O governo argentino diz que o referendo é ilegal e não reconhece a existência dos "kelpers" (habitantes das ilhas) como parte na disputa com o Reino Unido.

A embaixadora argentina em Londres publicou um artigo no "Guardian", intitulado "Um voto sem sentido", em que diz que os ingleses estão "sozinhos no mundo" e que o referendo não muda o "eixo da disputa", que é com o Reino Unido.

Já o primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou que "os argentinos devem respeitar o princípio de autodeterminação e que melhor exemplo de autodeterminação que o fato de que os ilhéus possam expressar-se através de um referendo?".



texto de Sylvia Colombo

Foto de Marcos Brindicci/Reuters
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1244678-com-98-dos-votos-malvinas-continuam-sendo-territorio-ultramar-ingles.shtml







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